.:: War Facts ::. Primeira Guerra Química (1914-1918)
Ao tempo da Primeira Guerra, sabe-se que o nome pelo qual a mesma era chamada era o de Grande Guerra, ou, como os intelectuais mais gostavam, a Guerra para Findar Todas as Guerras. O conflito, considerado o primeiro tecnológico de todos os tempos, deu inspiração para que o militar veterano britânico Alan Hanbury Sparrow cunhasse o termo “bafo do diabo”, em alusão ao uso maciço de armas químicas, como em nenhuma outra guerra anterior.
A França começou com a tática militar já em 1914, lançando gás lacrimogênio em pequenas quantidades contra soldados alemães. Estes últimos, por sua vez, foram os que começaram com uso em grande escala de armas químicas, em 3 de janeiro de 1915, durante a Batalha de Bolinov, através da dispersão de brometo de xilila (C8H9Br) contra tropas russas, no front oriental. A grande ironia é que a substância, cujos testes tinham revelado ser um gás irritante para olhos e vias respiratórias, era pouco volátil, ficando na forma quase que totalmente sólida no clima gelado do Leste Europeu.
Já a primeira investida mortal de gás cloro ocorreu em 22 de abril de 1915, durante a 2ª Batalha de Ypres, em território belga. Os alemães tinham um arsenal de nada menos do que 6 mil cilindros do gás sobre pressão, uma substância cuja própria toxicidade, para a época, era pouco conhecida. Nessa altura da guerra os alemães já tinham ficado experientes no monitoramento dos ventos, para aproveitar a melhor hora de lançar os gases, o que não era uma tática confiável, dada a conhecida capacidade dos ventos de mudarem facilmente de direção. Nesta batalha, porém, os cálculos deram certo e houveram muitas baixas numa distância de oito quilômetros das linhas francesas adentro.
A operação mortífera foi coordenada pelo cientista Fritz Haber (que ironicamente ganharia o Nobel de Química em 1918, por seus serviços na sintetização de amônia, para produção de fertilizantes e, para não esquecer as origens bélicas, explosivos).
Nessa primeira fase da guerra ainda não haviam máscaras de proteção, de forma que a – única – alternativa de quem era atacado era cobrir as vias respiratórias com um pano molhado com água, bicarbonato de sódio ou – pasmem – urina, cuja presença de amônia faziam alguns acreditarem na neutralização de parte da toxicidade.
No meio da guerra, a tática mais cruel dos alemães era a dispersão simultânea de dois gases: um lacrimogênio, como o já citado brometo de xilila, para que a irritação nos olhos forçasse os combatentes a tirarem suas máscaras, e outro incapacitante, como o fosgênio (COCl2), que sufocava as vítimas.
Mas nenhuma das substâncias citadas até agora teve o poder devastador e hediondo do gás mostarda, provavelmente a mais cruel arma química do conflito. Seu nome vem da cor da substância quando líquida, cuja nomenclatura química oficial é 1,5-dicloro-3-tiopentano (C4H8Cl2S). O gás mostarda produz bolhas por simples contato com a pele, causa cegueira, necrose nas vias respiratórias e leva a vítima à morte por asfixia com extrema facilidade.
A rotina das trincheiras mudou completamente com o advento das armas químicas. Um hábito comum entre os soldados era monitorar o vento para ver se não estava na direção de sua tropa, assim como qualquer sinal de fumaça já era suficiente para vestirem suas máscaras. Um hábito comum para criar pânico era lançar granadas de fumaça contra as linhas inimigas, simulando a dispersão de armas químicas e tendo alvos distraídos para o ataque.
O Protocolo de Genebra, termo que assegurava o não uso de armas químicas em conflitos, só foi assinado 17 de junho de 1925, sendo que Adolf Hitler não quis assiná-lo.
Durante a Antiguidade, quando os bárbaros germânicos atacaram Roma através da dispersão de substâncias tóxicas em poços das províncias romanas, os juristas do Império citaram a frase “ARMIS BELLUM NON VENENIS GERITUR”, que significa: “A guerra deve ser travada com armas, não com venenos”. Uma mensagem um pouco mais apaziguadora para as gerações posteriores.
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junho 1, 2011 às 6:08 pm
Boa tarde.
Parabéns pela iniciativa e pelo conteúdo. Não consigo, entretanto, visualizar as imagens referentes às legendas “até os cavalos…” e “famosa imagem …”. Seria possível recebê-las por email?
Grata.
Um abraço,
Marcia